terça-feira, 25 de maio de 2010

E na África...

Copa do Mundo

É tanto amor e ufanismo.
Nada mais que olhos turvos,
pelo tolo fanatismo.

É verde e amarelo, as cores desse vício.
E daí que a taça venha?
Amanhã tenho serviço.

Gastam dinheiro, tempo.
Se enraivecem, gritam.
Como aturar tanta ignorância?

Em tempos de Copa tudo é alegria,
não há fome, violência e nem corrupção.
Vibram tolos e os poetas se envergam
em meio a tanta ilusão.

Não desconsidero o esporte
e nem sua tradição,
mas sim o capitalismo frio
para enganar todo o Brasil.

Voltemo-nos a nossa arte, tão bela e esquecida.
nossas melodias, as telas de Tarsila.

Vendem tudo em amarelo e verde
pra mostrar para a vizinha, nossa
grande simpatia.

Partamos essa coleira,
eu quero tanto os tangos
quanto Dalva de Oliveira.

- Caio Augusto Leite

quinta-feira, 20 de maio de 2010

No rastro do tempo


"O tempo não pára, não pára não" - O tempo não pára (Cazuza)

"E quase que eu me esqueci que o tempo não pára nem vai esperar" - Vento de maio (Telo e Márcio Borges)

"No tempo que se afasta e se afoga na lembrança" Eu e o tempo (Durval Ferreira e Flávia Alvim)


"Tempo, tempo, tempo,tempo, és um dos deuses mais lindos" - Oração ao tempo (Caetano Veloso)


Tanto já falaram do tempo, da efemeridade de viver. Os segundos passam num invariável tic-taquear no relógio da vida. Semeia idade por onde quer que passe e ele passa por todos os lugares. O tempo está em todos os lugares, o tempo está em lugar nenhum.
Será que a morte nos livra do tempo? Ou continuamos a sofrer nas mãos desse Senhor mais velho que a própria existência?
Há quem tente parar seus efeitos sobre o corpo, com plásticas, cosméticos e tantas outras bugigangas e birutices que a sociedade moderna coloca-nos num prato fundo para que caiba mais do nosso suado dinheiro. Onde querem chegar com isso? Não se pode reter o agir do tempo na matéria é impossível. Aceite o que és, aceite que não será mais jovem nem belo como antes, que não terá mais tanta força para correr, brincar, etc. Mas não é preciso desistir da vida, extraia dela cada gota do existir, até o fim não desista, a vida é uma só e ponto final.
Se queres a eternidade então viva. Viva mais do que lhe é permitido, viva além dos limites. Extravase, use o manifesto das artes, das sete artes sagradas. Se no jogo da vida usares as cartas certas, imitando a realidade em arte lírica, então te eternizas. Torna-se mais vivo que o próprio tempo, pois o tempo não pode retroceder o segmeto da história. Uma vez seu nome gravado nas páginas do passado seu ser ecoará para sempre por todas as gerações, por todas as estações. Por todo o delinear de tempo.


"Tudo passa sobre a terra"

terça-feira, 18 de maio de 2010

Os dias de hoje



Crescem as cidades na espantosa explosão demográfica. E a cada hora mais gente ficando rica e mais gente morrendo na sarjeta. E as notícas teimam no alarde inútil dos comoventes documentários. Da tragédias que embalam as vinhetas artificialmente preparadas. Gritam, berram, chamam nossa atenção. É assim que tentam resolver o problema?

Palácios E-NOR-MES erguidos com luxo de reinados antigos, e o proletariado pegando o lixo que lhes é de direito. Sorrisos sem dentes da saúde que não há. E os senhores de engenho da era moderna chicoteiam indiretamente os escravos da globalização. As garotas inocentes desde nunca, se desvirtuam em praça pública com as pombas e os "homens-anúncio".
Pequeninas crianças com seu canivetes de afiada ponta prontas para laçaram uma bolsa, uma carteira ou uma vida. E os magnatas chamam a polícia, sim com o dinheiro mal dividido, os mais favorecidos são sempre as vítimas, os oprimidos.
Desde o início dos tempos foi assim, mas terá que continuar? Vejo além de toda fumaça, uma pequena fagulha de rebeldia. Jovens e adultos lutando por melhorias. Por terras, por educação, por respeito e ecologia.
Tenho fé nesses que se alevantam, pois é neles que me firmo pra acreditar que o mundo tem outra opção de destino, que não seja a destruição e a morte de seus filhos.




(A liberdade guiando o povo - Delacroix)



sábado, 15 de maio de 2010

Os meus sonhos foram todos vendidos


"Não há utopias mais em nossa época, nós somos ou não somos."

Essas palavras da cantora Maysa ainda ecoam atualíssimas em nossa sociedade.
O que somos? Ainda há sonhos? Esperanças? Ou a verdade é que o que tiver de ser será, sem formas de mudar o destino cruel da vida moderna?
Hoje em dia as pessoas tentam mudar seus conceitos de vida, de arte, de preconceito, de amor e de paz. Não sei o quanto disso é válido.
Mas sei que mudar apenas para me enquadrar num certo grupo para não me sentir rejeitado é complicado, onde fica minha essência? Meus príncipios e minhas vontades? Sinceramente não entendo essas pessoas que vendem sua personalidade por um pouco de "prestígio" e "fama".
Cansei de tanta fraqueza de alma, perante as vontades impostas pela sociedade. Da super-exposição de certos ritmos, danças e estilos. Nos esmagando com suas vontades, sem dar espaço para outras formas de expressão, colocando sua vontade, como verdade absoluta. Com "artistas" movidos apenas pelo desejo de se dar bem na vida, sem a preoucupação de fazer bem feito. Quando teremos novamente artistas atemporais como Elis Regina, Elvis Presley, Marilyn Monroe e tantos outros que nos brindaram lindamente no século XX com arte verdadeira? Colocoram o sentimento à venda e pagaram só pelo lixo comercial que nos fazem engolir dia após dia. Encerro com uma frase dita pela mesma Maysa.

"Vivo da arte, não do dinheiro que vem da arte"