quinta-feira, 30 de setembro de 2010

O vagar no Rio

Sob a luz clara do lampião, perambulava pela orla de Copacabana. A lua já era anúncio, enquanto o Sol morria fatigado no poente além.
Um casalsinho namorava no vai-e-vem das ondas e meu peito ardeu na lembrança etérea da tua carne. Longe, tão disto está o meu amor. Em alguma terra vês a Estrela Dalva, que um dia chamamos de nossa "estrela".
Ainda na praia o rapaz acariciava a face pura da donzela, seus lábios macios tocavam-lhe a nuca. E senti no vento que passava, a sua ausência, em mim a maior presença. Creio que ainda me tens, seus olhos ainda brilham por mim.
Pego um ônibus qualquer, chego na Lapa e os arcos trazem à tona suas curvas e seus seios fartos de paixão divina. Chego a iludir-me ao ver tua face em todas as faces e meus olhos choram finas lágrimas.
Ando a esmo, bobo, louco. Paro num bar, e as noites no Beco das Garrafas renascem na voz quente de Dolores que saía de um rádio antigo. Aguardo a volta, na eterna noite, meus pelos eriçam no leve pronunciar do teu nome. Vem que meu corpo é ara de sacrifícios e meu sorriso estrela da manhã.
O Sol já clareia e nada me acalma, sem as suas mãos, sem teu calor, toda poesia vem embutida com um sofrido mal-estar de morte. Talvez de vida, só preciso que retornes.


Caio A. Leite - 17/09/10

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