quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012
Parece bobagem
terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
Invenção da dor
segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012
Esta tarde vi chover
domingo, 26 de fevereiro de 2012
Descuidada primavera
Minha travessia
Pela alma da casa dela
sábado, 25 de fevereiro de 2012
Por trás dos olhos
Tua espera
Novas asas
Sobre como nasce o Amor
sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012
Grande desastre
Hipótese
Coma-me
Nada de elegia
Amor rosa pura
Só de rosas
Tecido
Amo-te
Irrevogável
Sino de algum lugar
Cerzindo
Recriação
Pedaço de mundo
Será que deu poema?
Nossa mãe
quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012
Diz o povo
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
Ê Brasil
O bailarino
Foi no carnaval
Expectativa de primavera
terça-feira, 21 de fevereiro de 2012
Nascimento poético
Balas cadentes
A moça
Dor plena
Quando vi uma borboleta
As vagas
Morte na casa grande
Sinto cheiro de chuva e mais uma vez sozinho escuto incessante os pingos que ricocheteiam na vidraça. A lareira me assusta com tua boca de flamas mal aconchegadas. Os relógios continuam o tic-tac invariável, a floresta se fecha e inunda, a lâmpada pisca fracamente ao lampejo que risca o ar. Levanto-me, abro a gaveta e preparo, já na ânsia da escuridão, uma vela e um isqueiro, nada mais que parafina e óleo em combustão. De repente como que já com sobreaviso o breu me invade. Giro o isqueiro e da faísca produzida leve chama atravessa o pavio, trazendo, mesmo que curta, uma luz de esperança para meus joelhos fracos.
Caminho até a poltrona de outrora, me sento e percebo as pequenas gotas fixadas no vidro sujo. Elas que pareciam tão firmes, não mais que um sopro, vindo da própria existência as enxugam e desaparecem para o esquecimento. Outro luzir de raios, as mãos fraquejam enquanto seguro a vela, o grito do Titã me arrepia e arrepia toda a moradia. Ouço passos pelo corredor, me ilumina a face um sorriso de incerteza. Vou até a porta e devagar, como se precisasse demorar uma vida para me decidir, empurrei-a baixinho.
Mas o que minhas vistas cansadas viram não foram as coloridas saias, nem as blusas e nem o batom, foi apenas o vulto sereno da morte. E com uma mão metálica, que só eu sentia, meu peito foi ficando cada vez mais apertado, meu corpo desfaleceu triste na queda, enquanto a vela e sua fina chama, rodopiaram numa dança ritmada, lenta e final. O tapete mofado ganhou tons de Estrela Mor e o fogo foi trilhando um caminho lento até a porta. Ao longe pela claridade alguém pense ,talvez, nas fogueiras de São João, nas cantigas e na quadrilha. E nem mesmo a tempestade ,naquela hora, ousou tocar nas labaredas. E amanhã, ou talvez nunca, encontrarão apenas um isqueiro chamuscado em meio a um mar de massa gris.
- Caio Augusto Leite (2009)
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012
Sentimento cromático
Se acaso chovesse
domingo, 19 de fevereiro de 2012
Crise de identidade
Poema do amor fracassado
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012
Na última sessão
Desesperança
sábado, 11 de fevereiro de 2012
Já foi
Mais que um
Descomplicada
O sol quedava no horizonte e no lado oposto do firmamento a noite já tecia sua longa túnica negra. Pontilhados de estrelas pipocavam no céu grande e aberto, livre da poluição urbana. Pessoas festejavam, rodavam, cantavam. A felicidade era antitética uma vez que o motivo de tal comemoração era o enterro de um ente querido. Mas faziam festa, para que o corpo descansasse e a alma pudesse encontrar o destino celestial que as pessoas ali acreditavam. Os animais também participavam, cães ladravam, aves piavam, lagartos passavam de um lado para outro com pressa. Era a plena consumação de um ritual de passagem. Quem via tal rito de longe, não entendia o motivo de tanta cantoria. Em outros locais só haveria o choro e o luto, como uma grande falsidade pelas pessoas que mentiam seu bem-querer para a pessoa que ao morrer instantaneamente se tornava uma espécie de ser sagrado e livre de erros terrenos.
Mas ali naquele perdido de mundo a felicidade se acentuava a cada instante que a noite avançava. A lua já pairava resoluta e rubra no breu, era uma joia flutuante no centro do universo em expansão. Risos, gritos, uma fogueira crepitante. Rodavam e cantavam com mais intensidade. Talvez o motivo da festança já tivesse evaporado e sumido junto da fumaça da grande fogueira, talvez a morte não desse tanto medo assim nessas pessoas. O que se sabe é que a vida sobressaía, por entre crânios apodrecendo sob a terra e aves de arribação pairando os céus na procura de algum cadáver descuidado, a vida persistia. No tempo e no vento a voz de quem ainda vive e sorri. Na terra paralisada a morte quase esquecida. A noite acabava e o corpo envolto no solo maternal começava a esfriar – era hora de entrar e descansar o corpo, cessou a cantoria. Para toda essa gente ficava a doida vida e nenhuma preocupação com o que virá. Como é indecifrável os motivos da vida, como é pequena a certeza da morte.
- Caio Augusto Leite