Eu que nasci das flores azuis
antes do romper da primavera.
Caminhei tanto pelas pedras
machuquei tanto meu coração.
Não, não seja a morte meu alento.
Não seja o adeus um desperdício.
Antes do morrer da noite.
Morria e noite se tornava.
Mas onde feriu não foi o corpo
e nem só um a bala matou.
A bala torna-se comunitária
na dor em sustento e consolo.
Antes do romper do sol,
antes de chegar.
Tudo se fora numa fria noite,
noite de outono.
E eu que vim das rosas,
lanço meu aroma por entre a dor cortante.
E jogo meus espinhos
para que firam os pés dos sem coração.
Fica aqui essa poesia parada no tempo.
Para que não esqueçam de mim,
e nem da morte brutal
que se espelha nas vidraças da cidade.
- Caio Augusto Leite
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