sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Nossa mãe

Antes da manhã chegar
cobriu o corpo do filho mais velho.
Beijou a face do mais novo.
Acariciou os cabelos do outro.

Acendeu as luzes da cozinha.
Preparava um café,
quando ouviu passos no corredor.

O pequeno entrara descalço,
arrastando um ursinho na mão
e uma cara chorosa.

- Tive sonho ruim, mamãe.

A senhora abriu-lhe os braços.
Ninou-o, encheu de afeto.
Espantou lembrança ruim.
O menino quase adormecia
quando proferiu:

- Te amo mamã.

Um sorriso infinito
espalhou-se na face abatida da mulher.
Todo vazio existencial evaporou-se
como a água que fervia na chaleira para o café.

Colocou o filhinho no berço.
Fechou os olhos por um instante,
tomou seu café.

Trocou de roupa
e saiu para trabalhar,
e tudo fazia sentido.
De repente viver não
tinha mais mistério.

- Caio Augusto Leite

Nenhum comentário:

Postar um comentário