terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Balas cadentes

Dias calvos, noites cegas.
Estrelas famintas de luz.
Devoradoras de si,
porque precisam sobreviver
à seleção natural dos astros.

Sol sem tom, lua pálida.
Crianças caindo em barrancos,
em córregos, da escada.
Crianças caindo na vida,
pois já são órfãs
e precisam viver além de um lar.

Boca amarga, unhas cobertas de terra.
Tiros voando sem rumo, como eu.
Porque precisamos encontrar novos alvos,
para ferir, para matar,
para podermos sermos fruto da existência.
Balas em voo homicida,
perfurando pedra, árvore, carne.

Caindo como estrelas nas crianças doentes e sem futuro.
Como cometas, balas cadentes a dilacerar
a verdade inútil da paz.

- Caio Augusto Leite

Nenhum comentário:

Postar um comentário