sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Só de rosas

Não, não quer mais meu coração
versar a crise alheia.
Não, não quero mais chorar
a dor do irmão.

Não hoje.

Não, não vou gritar liberdade
enquanto meu peito está cativo.
Não vou falar de paz
enquanto minha paz, perigo aflito.

Não, eu não posso falar de alegria
se minhas mãos tremem de medo.
Nem de coragem quando meus
atos tão covardes não me salvam da morte-cedo.

Eu não quero falar, não quero.
Não me obriguem. Eu não quero falar
de dinheiro, roubos, assassinos.
Deixe-me em repouso.

No solícito repouso que me trava,
que impede que eu me rasgue em versos.
Na mais importante pausa que inicio.
Por hoje só as rosas serão minha poesia.

Pois as rosas como são,
são como eu.
Existem pela maneira
E cheiram sem porquê.

- Caio Augusto Leite

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