sábado, 15 de dezembro de 2012
Desacolhidos
Rapaz, como eu,
e como te entendo.
O que existe
em nossas mãos?
Por que não temos rosas,
e por que dói
a dor que não é nossa?
Por que temos essa chaga,
será que não chega
de espalhar o carmim
e se chegar em mim?
Rapaz, como eu,
como é viver
com a impressão
que se morreu?
Estou completamente desponderado,
ou foi a balança do mundo
que perdeu o tino?
Se me mato, traio Deus.
Mas me matam e Deus me trai.
Eu rezava, até ontem,
eu cantava até ontem.
Mas como os sonsos,
que precisam sobreviver,
eu me calei.
E a minha mudez,
de súbito espanto,
se espalhou em grito geral.
Estamos perto do que é ilegal,
do naufrágio subjetivo.
Estamos calando a palavra,
para não colher balas de oitocentas metralhadoras.
Não estamos ficando em,
estamos virando o:
O Silêncio.
- Caio Augusto Leite
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