segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Paralelas

Quando as vidas tornam-se paralelas não há como se econtrarem novamente. Só se cruzaram se um dia chegaram ao infinito hipotético, pois é lá que os paralelos se encontram. Caso contrário, serão sempre duas retas como as marcas dos pneus na água das ruas, sofrendo por jamais poderem se entrecortarem, sem se amarem e sem conseguir ser um o infinito do outro.


Paralelas

Composição: Belchior

Dentro do carro,
sobre o trevo, a cem por hora,
o meu amor
Só tens agora os carinhos do motor
E no escritório onde eu trabalho
e fico rico quanto mais eu multiplico,
diminui o meu amor...
Em cada luz de mercúrio, vejo a luz do teu olhar
Passas praças, viadutos,
nem te lembras de voltar,
de voltar, de voltar...
No corcovado quem abre os braços, sou eu
Copacabana esta semana, o mar, sou eu
e as borboletas do que fui pousam demais
por entre as flores do asfalto em que tu vais...

E as paralelas dos pneus n'água das ruas
São duas estradas nuas
em que foges do que é teu
No apartamento, oitavo andar, abro a vidraça e grito
quando o carro passa:
- Teu infinito sou eu, sou eu, sou eu, sou eu
No Corcovado, quem abre os braços, sou eu,
Copocabana esta semana, o mar, sou eu
e as borboletas do que fui pousam demais
por entre as flores do asfalto em que tu vais.


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