sábado, 15 de dezembro de 2012

Restos do carnaval

(De Clarice Lispector)


Papel de rosa,
da mãe da outra.
Broto novo,
cidade velha.

Boca rosa,
Mamãe chorava.
Inveja boa,
alegria cinza.

E eu saía
para achar
o que eu não era.

Os mascarados,
a minha dúvida.
O meu medo,
eu tão sozinha.

Mas os confetes
no fim do dia.

Eu entendia,
não mais menina:
eu era rosa,
agora,
na rua
no corpo
na fantasia.

- Caio Augusto Leite

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