domingo, 14 de novembro de 2010

Poema dos olhos tristes

"Às vezes precisamos esquecer a dor. Não devemos deixar que ela apague a chama da vida. Precisamos nos amar mais."


Das esferas oculares
já não vejo cor,
dos relâmpagos
não me imprime cor.
O cinzento das tuas
íris calam qualquer
sopro de amor.

A face tarde ao
findar celeste.
A boca torpe
como fatigada
em guerra.

O peito ruge
na carência
aberta.
Ferida florida
em constante
inércia.

Daria eu todos
os meus sorrisos.
Para abrir-te
os lábios em
ingênuo riso.

Daria eu minhas
buscas tolas,
pra encontrar
quem te feriste.

Como um pássaro
que agoniza nos
últimos instantes,
sou vento de vida
e ladrão da morte.

Roubo-te as tristezas
para ver-te bem,
roubo-te as angústias
e o chorar também.

Não sei se posso
te salvar da treva,
nem se da minha
dor saberá na ida.
Mas das alvas
peles que se tocam
já não se entendem
como eu vira.

Dos olhos o torpor
é claro. Da esperança
a espera é morta.
E do amanhã a partida
é farsa. Adeus.


Caio A. Leite

Um comentário:

  1. Ser poeta não é dizer grandes coisas, mas ter uma voz reconhecível dentre todas as outras.

    Mario Quintana

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