segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Vista da janela

Poeta das represas.
Contendo versos,
barrando estrofes,
impedindo as rimas.

Difícil ser poeta,
quando tantos pensam
que só rimar e só amar
basta para o ser.

Difícil vencer o tédio,
edifício de mármore e morte.
De sete andares, talvez mais.
A sorte num atirar-se de janela.

E a janela, oca ou profunda?
Um mundo inteiro me esperando.
E esperar não mais aguento,
abro as cortinas e enfrento o Todo.

E do Todo vejo a parte.
E da parte me integro ao Todo.
Difícil ser poeta e ser feliz.
Difícil abrir a janela e não morrer de frio.

- Caio Augusto Leite

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