domingo, 22 de janeiro de 2012

Cozinhando um poema

Cansei do bolo feito em fôrma quadrada,
quero bolo estrela.
Bolo bolacha.
Bolo bolha de sabão.

Eu não quero mais recheio de chocolate
e nem cobertura de primeira frase.

Agora só calda do que cair bem
e recheio de raras frutinhas.

Enjoei da velinha queimando sem dó,
derramando parafina suja no que é divino.
Eu quero a ilusão vibrante da coisa subjetiva.

Fatiem o bolo, mas não o talhem com o desleixo dos arrogantes.

Apreciem o gosto e não o devore
com a brutalidade dos bárbaros.

Deixem um pedaço, mesmo que pequeno, para mim.
Pois até quem faz o bolo deve comê-lo,
para não esquecer seu gosto
e não repeti-lo em mais nenhum momento.

- Caio Augusto Leite

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