Ururu-ururu
Ururu-ururu
Canta longe o vento
pia longe ave
ou será o medo?
Ururu-ururu
Ururu-ururu
Meia-noite, canto turvo.
Meio agouro, meia lua.
Ou será a morte?
Ururu-ururu
Ururu-ururu
Parece um apelo
será imaginação
ou de um corpo o frêmito?
Ururu-ururu
Ururu-ururu
Voa a ave, voa o canto
entre um uru, um ururá
canta a mata, canta lá.
Uru-ururá
uru-ururá
Dois cantos unindo-se
como dois corpos em comunhão
ou como a alma em disjunção.
Uru-ururá
Foi-se a noite
fez-se o dia
Uru-ururá
não sei se fez-se a morte
ou se da dor fez-se mais vida.
- Caio Augusto Leite
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