sábado, 19 de novembro de 2011

Saudade em dia de chuva

Uma casa, uma fruteira, uma lâmpada acesa.
Uma mesa de jantar, uma fresta na janela.
A chuva caindo, um pedaço de telhado,
galhos, folhas, uma parede ao longe.

Por fora tudo continuava normal, era a Natureza vivendo.

Um pensamento, um beijo, uma memória recente.
Um querer, um abraçar, um nome.
A mão direita escrevendo, a folha não mais em branco.
Palavras, versos, qualquer coisa se fazia.

Por dentro o coração partia, era o Amor morrendo.

O vento no rosto, um trovão, o frio da madrugada.
Uma lágrima, um arrepeio, a saudade indesejada.
O sono, a rua, o bocejo, a lua.
Os carros, a carência, o lá e o aqui.

Por fora ou por dentro, já não sabia - em todo canto o desalento.

- Caio Augusto Leite

Um comentário:

  1. Gostei mesmo.
    "Uma casa, uma fruteira, uma lâmpada acesa.
    Uma mesa de jantar, uma fresta na janela.
    A chuva caindo, um pedaço de telhado,
    galhos, folhas, uma parede ao longe."
    Essa parte me lembra a cena da primeira estrofe de Fogo Pálido (Vladimir Nabokov).

    bruna-morgan.blogspot.com

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