sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Confissão

Tenho medo do escuro,
tenho medo de águas profundas.
Tenho medo de pombos urbanos.
Tenho medo de peixe que se debate.

Tenho mais medo que coragem.
Temo não ter coração.
Temo ser só coração,
sentimentos desvairados.

Se me calo é só mais um medo.
Medo de não esquecer.
Se temo ainda, ainda quero.
Se ainda tremo, ainda sonho.

Eu quero o medo da trapezista.
Eu quero o medo dos desesperados.
O medo da criança perdida.
O medo puro - substância fóbica.

Eu tenho medo de não ter medo,
pois sem medo eu não posso mais te amar.

- Caio Augusto Leite

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