sábado, 18 de agosto de 2012

Abracem-se


Prefiro abraço que beijo.
Beijo molha, alaga,
deixa a gente cheio
de sede da sede da sede.
Beijo é sede.

Abraço quente,
quem te der um
sentirá teu cheiro
e o cheiro do outro
em cheio em ti.

Que caiam as pedras do apocalipse,
a paz, branca e pura,
vai perdurar.

Eduardo, amigo, abrace os livros
quando faltar braços.
Vire palavra,
doce poema.

Que ler é abraçar o mundo
dentro do próprio mundo.
É ter todas as coisas do mundo
nessa finitude de palavras.

Elas que guardam, no seu subterrâneo,
o movimento secreto do magma.
Preparando no silêncio das suas faces tipográficas
a verdade que pode explodir inesperademente.

Abracem!

- Caio Augusto Leite

Nenhum comentário:

Postar um comentário