sábado, 18 de agosto de 2012

Silêncio-lêncio


Dentro da biblioteca o vazio,
pois nós já não existíamos.
Os cães, gatos e outros animais
que resistiram passeavam por entre os livros.

E mesmo que não possuíssem o dom
de decifrar as palavras ali contidas,
podiam ouvir o funcionar das engrenagens
que se escondiam dentro de cada exemplar.

Engrenagens emperrando
pela falta de uso.
Mas ainda vivas
e pulsando as coisas
que alguém escreveu para
ser eterno, sem saber
que nós não éramos eternos.

A humanidade não conseguiu lê-los a tempo,
Cronos desenfreado, criou mais filhos
do que poderia devorar.
E agora a palavra ficou sem ter quem a diga.

Os livros encerram em si grandiosos feitos,
grandes teorias, milhares beijos.
Mas sem nós, pobrezinhos,
estão fadados ao silêncio.

- Caio Augusto Leite

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