sábado, 4 de agosto de 2012

O sumiço de mim


Deu no jornal,
busco agora o homem
que desapareceu na quarta.

Mas pode ter sido na terça,
ninguém o viu naquele dia também.
Sumiu em qualquer dia,
sequer sumiu
será que existiu?

Esquinas, esquemas, equações...
é inútil buscar,
as ruas estão vazias,
os planos falham,
a matemática não computa o que não há.

Sei que existe muita ocupação
nos seus afazeres, irmãos humanos,
mas me ajudem, procurem,
preciso revê-lo.

Debaixo do tapete,
atrás da porta,
no vão dos muros.

Em qualquer sábado,
nos Natais passados,
no fundo de fotos aleatórias,
quem sabe alguém o captou?

Se ninguém o encontrar,
o que será de mim?
De mim? Quem?
Eu?
Onde?

Sumiu,
deu no jornal,
você não viu?

- Caio Augusto Leite

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