sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Imolação


Uma bomba no centro da cidade,
bomba suposta, quem se arrisca?
Areia, artimanha ou explosivos?

O medo não é da explosão,
é da bomba coisa em si,
da bomba parada no meio da rua
que tiquetaqueia sua (talvez) iminente destruição.

Os carros passam pelas calçadas,
as pessoas se abrigam em lojas,
em bares, em casas desconhecidas.
- todas as casas são conhecidas,
estamos todos juntos no momento de trauma.

E vamos vivendo na paranoia da bomba
que não vai e nem vem.
Que não se sabe, a polícia não chega,
um cachorro - inadvertidamente - cheira o pacote,
todos suam, nada acontece.

As pombinhas de cima do fio admiram
aquela coisa temida.
Pomba branca, cinza, preta, multi-cor.

A mais branca, alvanca-de-branca,
desce e pega no bico a incerta-bomba
- oliveira mecânica -
e leva para o mais alto céu.

Lá no indivísivel espaço
a pomba vira luz
na bomba que voava.

Uma bola de fogo, bola-bomba-pomba.
Clarão!
Salvação!
Arco-íris.

Terra firme novamente
e as pessoas podem andar na rua,
pois sabem que sempre haverá
uma pomba para sacrificar-se por elas
em nome do pafilhespirisantamem.

- Caio Augusto Leite

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