sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Que nunca virem estrelas


Toco nos teus cabelos
e sinto a beleza dos fios,
que um por um tramam
a imensa confusão da tua cabeça,
dos teus pensamentos, dos teus anseios
em forma de revoltosa cabeleira.

Lavanda, limão, cravo:
aromatizados pelas próprias mãos de Flora.
Ninfa par de Zéfiros, ele que passa
e ondula teus cachos feito Medusa,
mas Medusa contrária, só teu olhar
pra despretrificar meu coração.

Preciso te esconder do mundo,
guerras nasceriam, tantas mortes,
todos buscando a seda sinuosa
que brota de tua cachola.

Buscarei belezas outras para ofertar aos deuses.
Que Afrodite nunca te encontre
para raptar teus dourados fios
que pendurados feito estrelas - ao lado de Berenice -
só seria possível o toque ao morrer, de afogar-se, em largos rios.

- Caio Augusto Leite

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