quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Nunca foi acaso


E o acaso sombrio vem numa revoada
de urubus que desfazem a alegria
que um dia tentou brotar
nessa terra infértil.

As plantas minguam,
os meninos choram
e os corações apertam.

As aves negras voam,
se camuflam de nuvens
e chovem, chovem
sobre a cidade.

Nos meus cabelos,
nos quintais,
nos telhados.

Em todos os lugares
as fezes, os abutres,
a carniça de um tempo
sem tempo para comunhão.

O relógio da torre
não anuncia o futuro,
funciona ainda?

Todos os ponteiros
estão prontos para
parar suas funções.

E o clímax (ou anti-clímax?)
está no bater de asas
que varre as casas
e nos deixa morando
no não-morar.

No parodoxo inexplicável
dos acasos que surgem
do céu por obra de Deus
ou do Deus que sugerimos haver
para não nos comprometer?

- Caio Augusto Leite

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