segunda-feira, 30 de abril de 2012

O mais remoto de mim



Meu coração separado
e unido por um oceano.
Um lado é da América,
o outro é africano.

Esse mar chama-se Europa,
que assim me dividiu.
Pra lá ficou a África,
aqui o meu Brasil.

Que negue-se o pai, até vai.
Mas jamais a mãe.
Minha Mãe é tua mãe,
que é mãe de todos nós.

Em meu sangue as águas
do Amazonas correm
e nas do Congo,
tão remotas, caem.

Meu coração separado
por lágrimas de sal.
Inda nos une a boca,
língua pai de Portugal.

Canto, distante canto,
que ecoa nos recantos de lugar nenhum.
Pelas cidades, pelas marés, pelos muceques,
logo seremos um.

Meu coração estava separado,
encontrei minha metade.
É seu grito d'outro lado do oceano
que me devolve a identidade.


- Caio Augusto Leite

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