domingo, 11 de novembro de 2012

Fome-forma


Escrevo pra não perder a forma,
pra perder a fome.
Mas como como
fico com mais forma,
gordurinhas versificadas.

E a forma me deforma.
Sem reforma,
minha casa
tá um caco.

E sem você
meu coração
tá um caos.
Escrevo pra
dizer adeus.

Mas também pra manter perto,
escrevo pra não morrer.

E só sei morrer escrevendo.

Escrevo pra encontrar a forma.

Mas só tenho a palavra de caminho,
daí me foge a libidinosa, escorregadia, lagartixa,
quimera deslizada, a impossível

Forma.

 - Caio Augusto Leite

2 comentários:

  1. ''E só sei morrer escrevendo.'' Como Clarice que disse que quando escrevia estava morta. Não apenas ela, eu, você e acho que o resto das pessoas que escrevem estão mortas quando despejam sentimento em forma de palavra.

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  2. Escrever para não se esquecer do que é, do que foi, do que pode ser e para viver o que nunca será. Mas quem sabe? Com forma, sem forma... tem vida e pulsa em nós. Sempre palavra.

    Gostei daqui.

    Um beijo

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