domingo, 11 de novembro de 2012
Memorial
A palma da mão de pedra
erguia-se sangrenta
sobre a terra.
E eu saía dali
do fundo do mundo,
o suor no rosto,
as armas em punho.
O coração batia fraco,
o latino é um fraco.
Mas gotejava o sangue, da mão
gigante, que escorria feito mapa.
E me achava nesse lugar,
que era tão meu quanto
de todos os mexicanos.
Eu olhei a noite,
eu cantei, eu abri os braços
e abracei a grande mão.
Reconheci o meu irmão,
dentro da pedra batia
numa firme moleza
o nosso coração.
No desespero de estar sozinho
eu vi - pela primeira vez - os rostos cansados
que iam renascendo das trevas metroviárias.
Foi aí que aprendi a amar.
- Caio Augusto Leite
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