domingo, 11 de novembro de 2012
Noite de eclipse
Havia aqui, no bairro,
um cão e uma cadela.
Ontem o cão morreu
e ela ficou serena
e viúva, com a memória triste
do que sempre fora dela.
As estrelas precisam subir,
é a ordem natural dos relógios.
Mas como não indagar a falta,
como colocar o nome de entes queridos
em grandes necrológios?
A vida se espanta,
tão severa
e sedosa.
Baile de máscaras.
Quando damos por nós,
a música parou,
a festa acabou
e na rua as sobras
da fantasia que usávamos
e que lavadas de chuva,
nos trazem de volta
a imagem do barro criado.
Dentro da memória
somos belos e cheios de defeitos.
Sem a vida
a distância aumenta
mas torna os laços
- tão roídos -
novamente estreitos.
- Caio Augusto Leite
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