A casa abondonada da rua era nosso mistério.
Ali ninguém entrava - ninguém saía.
Nunca vi aquelas janelas abertas,
nunca soube como era por dentro.
Os meninos da rua inventavam histórias
que botavam um medo de tremer pernas.
O telhadinho era todo carente de telhas,
os meninos costumavam jogar pedras
para espantar os pombos que ali pousavam.
A casa deveria ser úmida,
pois baratas, ratos e outra pragas
ali encontravam abrigo.
O mato ficava alto e encobria a casa.
Os homens da vila pulavam o muro
para carpir... as crianças espiavam de longe.
As coisas de minha infância giravam entorno dessa casa...
...
Mas ontem passei na antiga rua
e não havia nada.
No lugar da casa, outra casa.
Não dava mais medo.
Uma menininha brincava no quintal...
um sabiá cantava na árvore...
uma senhora olhava da janela...
Não era a mesma coisa.
E eu fiquei ali: estúpido e paralisado diante do passado que não encontrei.
Do futuro que não terei.
Do presente que não tem sentido.
Casa demolida. Sonhos demolidos. Saudades bem erguidas.
- Caio Augusto Leite
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