quarta-feira, 14 de março de 2012

Vida em trânsito

Ria pois não tinha lágrimas.
Sentada sozinha num barzinho,
a fumaça espiralada dum cigarro.

Os carros passando tranquilamente...

O gelo nas bebidas,
o beijo dos casais.
Uma partida de futebol na TV.

Os carros se apressam...

O batom no guardanapo.
Alguma cantada barata.

Carros mais rápidos...

O replay de um gol,
a solidão no olhos ébrios.

Rápidos mais carros...

O vento, o vento!
A garoa da madrugada.

Carros caros, carros caros, caros carinhos...

Solidão, peito ardente.
Mão trêmula, a chuva, a chuva!

Carro, carro, carrrrrrrrrro...

Uma curva mal feita,
um corpo em propulsão.

O carro parado e amassado.

E ela ainda sorria,
pois não tinha lágrimas e nem vida.

Polícia, ambulância, bombeiros...

O asfalto agitado foi se acalmando.
Longe a aurora canta suas primeiras notas.

E os carrros passam, passam, passam...

- Caio Augusto Leite

Nenhum comentário:

Postar um comentário