Ria pois não tinha lágrimas.
Sentada sozinha num barzinho,
a fumaça espiralada dum cigarro.
Os carros passando tranquilamente...
O gelo nas bebidas,
o beijo dos casais.
Uma partida de futebol na TV.
Os carros se apressam...
O batom no guardanapo.
Alguma cantada barata.
Carros mais rápidos...
O replay de um gol,
a solidão no olhos ébrios.
Rápidos mais carros...
O vento, o vento!
A garoa da madrugada.
Carros caros, carros caros, caros carinhos...
Solidão, peito ardente.
Mão trêmula, a chuva, a chuva!
Carro, carro, carrrrrrrrrro...
Uma curva mal feita,
um corpo em propulsão.
O carro parado e amassado.
E ela ainda sorria,
pois não tinha lágrimas e nem vida.
Polícia, ambulância, bombeiros...
O asfalto agitado foi se acalmando.
Longe a aurora canta suas primeiras notas.
E os carrros passam, passam, passam...
- Caio Augusto Leite
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