quinta-feira, 12 de julho de 2012
Os livros devorados
No subsolo do centro
da maior cidade do país
eu espero o grande
transportador de gentes.
Enquanto as pessoas passam
os olhares prendem-se
numa máquina de salgadinhos,
mas não há salgadinhos,
existem livros.
Uns só batem a vista,
outros param um pouco.
Alguns ameaçam tirar
o dinheiro da bolsa,
mas desistem.
Uma senhora resolve
se arriscar com
a estranha engenhoca:
tira uma nota de dez
e enfia no aparelho,
nada acontece.
Alisa a nota, puxa daqui,
puxa dali e nada.
A mulher desiste,
segue seu caminho.
E ninguém mais terá
o encanto da leitura,
do cheiro de livro usado.
Pois a máquina quebrou,
selando o conhecimento
para sempre em seu interior
de ferro, plástico e desorientação.
- Caio Augusto Leite
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