Um triste cheiro no ar,
cheiro de morte,
de estado podre,
Jardim Gramacho.
Caminhava sobre um conto de Clarice
e não conseguia compreender,
pois havia lacunas no texto.
Cheguei no zoológico,
mas era primavera
e o búfalo dormia tranquilo...
do outro lado três urubus
pousados, comiam alguma carniça?
Não, devoravam sílabas.
Já não haveria pós-moderno
e nem novos contos,
a palavra está morta.
Talvez seja preciso abrir
a barriga de todos os urubus
do mundo para recuperá-la,
mas eles acabaram de arribar
levando os verbos, estou sem ação.
Acabou também essa poesia
e todas as outras que estariam por nascer...
- Caio Augusto Leite
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