Devolvo agora o tempo
que roubei da terra.
Pondero o percurso
da vida que passou:
Não deixei pegadas,
não plantei árvores,
não escrevi livro, não tive filhos.
Devolvo o tempo de onde veio,
me dispo das rugas,
devolvo o grisalho
e escarro as dores.
Estou pleno, plena
e brilhante figura.
Pura alma nesse pano
que me envolve de adeus.
Devolvo o tempo e saio de graça,
não sou punido pela ousadia.
Saio da vida numa cambalhota marota
e o seu espanto me concede a gargalhada.
De mãos dadas com o anjo bom
eu caminho pelos prados verdes.
Ignoro o anjo das sombras que me guiou,
se fui triste, se fui torto, não importa.
- O tempo devolvi, o tempo me apagou.
- Caio Augusto Leite
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