sexta-feira, 25 de maio de 2012
Olhos na cortina
Abre a cortina e me espia,
um bandido segue meus passos
eu pego um café lá na cozinha
- ele toma.
Lavo minhas roupas,
coloco-as pra secar,
passo-as
- ele as usa.
Ligo a TV
e ponho no canal
que ele prefere
- ele agradece.
Eu fico nu,
eu tomo banho
ele me traz a toalha
- ele me enxuga.
Eu amo,
eu namoro,
ele me substitui
- ele copula.
Minha mãe, meu pai
e meu papagaio
o adoram
- ele é uma graça.
Um bandido me passa o açúcar,
me faz companhia noite e dia,
nesse país, por toda a vida
- ele é de casa.
Todos nós temos nosso ladrão
e já nem o vemos, pois nos acostumamos
com as mãos ágeis, com os tiros, com os gritos
- ele é um irmão.
Ele é nós, que somos coniventes
com a justiça estranha que deixa
a cortina aberta para um bandido
espiar meus passos.
- Caio Augusto Leite
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