sexta-feira, 11 de maio de 2012
Este é meu canto
Cantarei o mundo caduco,
cantarei a mulher
e as cartas de suicida.
É preciso cantar
pra alegrar cidade.
Essa quarta é eterna.
Os pombos cinzentos sobre os telhados
cantam elegias para as meninas
que perderam seus amores.
O concreto vai até o céu
e diz ao homem como ele é pequeno
e frustrado nessa vida. O homem de pasta na mão.
Os brinquedos enferrujados cortam as crianças
e passam de mão em mão, de pé em pé
o tétano que corrói a pureza do sadio.
Os aviões levam pessoas que fogem,
os reencontros são adiados,
a pressa é mais ligeira que o ponteiro.
A boca beija o cadáver,
somente os cadáveres
permitem o afeto.
Cantarei o mundo caduco,
pois já não existe outro
para se cantar.
Eu não tenho tempo pra te criar, vida futura!
- Caio Augusto Leite
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