segunda-feira, 21 de maio de 2012
Panapaná
No breu mais breu da floresta
caminha em passos ágeis,
carrega um segredo
para o verde coração da mata.
Desvia de troncos,
passa por igarapés,
ouve o canto do uirapuru
- é sinal de sorte.
Ignora o boto,
o boitatá
e as ventas flamejantes
da mula-sem-cabeça.
A índia chora
sob o leito de folhas verdes
a falta de Jatir, ele não virá.
Não há tempo de consolá-la.
A lua vai sumindo
e o sol rompe junto
do bogari em perfeito aroma.
Chegando ao cerne almejado
a mão viril atira a verde borboleta.
O muiraquitã cai no mais profundo abrigo...
... pouco a pouco um farfalhar de asas
vem surgindo e numa explosão de viva-cor
o céu do mundo recobra a vida num imenso panapaná.
- Caio Augusto Leite
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