segunda-feira, 28 de maio de 2012

Noturno em velório


É esse absurdo mundo
onde a bala que atiro
é a mesma que me mata.
Onde a justiça que protesto
é a que me prende em casa.

Que a polícia não me engana,
quem morre somos nós...

Seguro uma vela diante de teu corpo duro
e frio e minhas orações são cortadas
pela correria do povo em mais um arrastão:
leva a corrente, o relógio, a alma...

Onde está a lei,
onde está Deus?
Eu fecho a cortina em pânico,
onde está minha coragem?
Talvez mais morta do
que está você agora.

- Caio Augusto Leite

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