sábado, 26 de maio de 2012

Impossível perdão


Sentado na beirada do prédio mais alto da cidade
eu vejo a noite partindo o dia ao meio,
e as primeiras estrelas rompem no céu
e as primeiras estrelas rompem na terra.

Penso no mundo:

Os aviões, os carros e os submarinos
são a prova de que o homem não se contenta em se ser.
É preciso alcançar os pássaros e as baleias.

Há naves espaciais sobre minha cabeça,
tentam chegar no Sol
como se pudessem entender e roubar sua luz.

Eu balanço as pernas no ar,
sinto vertigem e se eu pulasse?
Calculo o tempo que duraria a queda,
muito rápida, tal como um cometa no céu.

Nós tentamos imitar as coisas puras,
e o homem já não pode ser puro,
as guerras contam, as guerras não imitam nada
e até a rosa que o poeta pintou é descabida.

Mesmo hoje, anos depois,
a história se faz presente
O homem perdeu a sua inocência natural
e faça quantas pontes quiser, nenhuma ligará os povos.

Estou no topo do prédio mais alto da cidade
e nem por isso mais perto de Deus.
E não é porque escrevo poesia
que terei alguma remissão dessa nossa culpa.

- Caio Augusto Leite

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