Sentado na beirada do prédio mais alto da cidade
eu vejo a noite partindo o dia ao meio,
e as primeiras estrelas rompem no céu
e as primeiras estrelas rompem na terra.
Penso no mundo:
Os aviões, os carros e os submarinos
são a prova de que o homem não se contenta em se ser.
É preciso alcançar os pássaros e as baleias.
Há naves espaciais sobre minha cabeça,
tentam chegar no Sol
como se pudessem entender e roubar sua luz.
Eu balanço as pernas no ar,
sinto vertigem e se eu pulasse?
Calculo o tempo que duraria a queda,
muito rápida, tal como um cometa no céu.
Nós tentamos imitar as coisas puras,
e o homem já não pode ser puro,
as guerras contam, as guerras não imitam nada
e até a rosa que o poeta pintou é descabida.
Mesmo hoje, anos depois,
a história se faz presente
O homem perdeu a sua inocência natural
e faça quantas pontes quiser, nenhuma ligará os povos.
Estou no topo do prédio mais alto da cidade
e nem por isso mais perto de Deus.
E não é porque escrevo poesia
que terei alguma remissão dessa nossa culpa.
- Caio Augusto Leite
Verdade, bem escrito amigo!
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