Caminho pela estrada molhada,
junto com a chuva
que fustiga meu sapato cinza.
Água que cai dentro da meia,
que agonia,
que tristeza,
já sinto as bolhas se formando.
O vento espalha as gotas suspensas
que encharacam minhas costas,
tossir, tossir, tossir,
acho que vou ficar doente.
O corpo moído,
olhos pesados,
olheiras profundas,
a garoa continua.
Sigo murmurando e maldizendo a vida,
mas pelo caminho, que ignorei,
a chuva lava o pó do tempo
e as flores secas remoçam pra me fazer sorrir.
Gotas que só querem o meu bem,
mas que me matam, pois sou burro
e não entendo os carinhos de um amor,
nem mesmo o amor da chuva.
- Caio Augusto Leite
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