Caiu a última folha daquela macieira,
suspira a nossa mãe cansada.
O coração magmático fraqueja,
o vento não assovia mais
na palma daquelas folhas.
As folhas não traduzem mais o segredo do sol,
e todos animais estão presos no zoológico
- inclusive nós.
Mundo listrado em barras de ferro.
Desconti
nuidade.
Abro meu jornal e ele está em branco.
Não há mais notícias,
ou todas as notícias são repetidas?
Todos os crimes já foram praticados.
Nem mesmo o poeta, que queria purificar o mundo,
pode nos ajudar agora.
Lá está o outro, parado, petrificado,
estátua no banco de praça - o mar também serenizou,
mas a morena não samba.
Minha fé vai esmaecendo,
a noite acaba, mas não existe aurora,
o dia não está amanhecendo.
Os homens não se conversam,
a língua me é inútil.
As palavras cochilam,
enfim sossegadas.
É como se o mundo estivesse morto,
mas nós, de alguma forma,
tivéssemos sobrevivido.
Ficamos nesse estado incongruente
de morte sem adeus
e de vida sepultada.
- Caio Augusto Leite
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