As coisas estão acontecendo,
os gerúndios provam
- chovendo, correndo, morrendo -
estão sim.
As coisas acontecem,
eu vejo
- chove, corre, morre -
está sim.
Eu preciso acontecer,
pra valer
- choverei, correrei, morrerei -
um dia, sim.
Parto desse porto
de palavras,
au revoir
linguagem da linguagem,
o saveiro procura o vento,
as velas querem enfunar-se,
mas não tem vento
e o nosso tempo
está acabando, amor.
Até quando ficaremos nesse mar?
Que a vida é curta, saiba,
e logo ou já iremos afundar
para as grutas abissais do esquecimento.
O cinismo, o niilismo, o coitadismo:
nada vai trazer você pra mim,
é preciso querer e mostrar o sentimento,
o dia está anoitecendo.
Se você não vem,
se você não corre,
há pouco para se fazer,
o saveiro está tão triste,
no sertão procura o vento
sem a chuva, está morrendo.
Sem você
eu vou voltando
ao metalinguístico fingimento.
As coisas estão acontecendo...
- Caio Augusto Leite
Nenhum comentário:
Postar um comentário