sábado, 19 de maio de 2012

Circular


As coisas estão acontecendo,
os gerúndios provam
- chovendo, correndo, morrendo -
estão sim.

As coisas acontecem,
eu vejo
- chove, corre, morre -
está sim.

Eu preciso acontecer,
pra valer
- choverei, correrei, morrerei -
um dia, sim.

Parto desse porto
de palavras,
au revoir
linguagem da linguagem,

o saveiro procura o vento,
as velas querem enfunar-se,
mas não tem vento
e o nosso tempo
está acabando, amor.

Até quando ficaremos nesse mar?
Que a vida é curta, saiba,
e logo ou já iremos afundar
para as grutas abissais do esquecimento.

O cinismo, o niilismo, o coitadismo:
nada vai trazer você pra mim,
é preciso querer e mostrar o sentimento,
o dia está anoitecendo.

Se você não vem,
se você não corre,
há pouco para se fazer,

o saveiro está tão triste,
no sertão procura o vento
sem a chuva, está morrendo.

Sem você
eu vou voltando
ao metalinguístico fingimento.

As coisas estão acontecendo...

- Caio Augusto Leite

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