terça-feira, 29 de maio de 2012
Plena extinção
Quando me vier o passamento,
se possível, doe meus órgãos.
Espalhe meus olhos,
rebata meu coração,
filtre de novo meu rim.
Mas doe apenas aos que não possuem
tendência à vida lírica,
não é preciso que essa poesia,
em vão, viva.
Deixa pra lá esses versos contidos,
pois são coisas sem futuro.
Deixa pra lá o símbolo pobre,
que não sustenta seu sentido.
Esquece, não doe, doe os teus.
Que apodreçam, os meus, longe daqui.
Joguem sal na terra, criem um deserto,
evitem a vida perto de mim,
por segurança, me cremem
e joguem as cinzas lá na rua
- melhor, lá na Lua.
- Caio Augusto Leite
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