sexta-feira, 4 de maio de 2012

Eu, o mundo


Augusta angústia
invadiu o peito aberto.
Sem pedir licença,
pois de fato é divinal.

Arrematou minh'alma
e meus sonhos mais profundos.
Tudo se fez fugaz
em sua presença.

Augusta angústia
perfurou o coração.
Doeu a vida,
só eu sei a dor que foi.

Comeu o amor
e não apreciou o gosto.
Amargo sentimento,
péssimo sabor.

Augusta angústia,
caiu no sangue.
Viral de morte
no corpo todo.

Venceu o fígado,
os rins, as bainhas de mielina.
Dependência total,
droga minha.

Augusta angústia,
coisa de Álvares
no poema de Augusto.
Tosse, tosse, tosse.

Cobriu minha voz
de ruído tísico.
Hemoptise,
diga trinta e três:

- Dezoito, dezenove, vinte anos.
Os poetas duravam pouco.
Mas queria ser mineiro, calma de vida,
ver os cachorros passando pela janela de Itabira.

Augusta angústia,
precipitação ou realidade?
Os gozos da vida perderam
toda intensidade.

Que vida torta que ficou,
a moldura de marfim é inútil.
As rimas raras não dão jeito,
sou o mais homem dos homens.

Que se exploda a guerra,
o que importa sou eu.
Ninguém é mais triste,
ninguém tem mais temores.

- A augusta angústia é minha.

- Caio Augusto Leite

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