domingo, 24 de junho de 2012

Aos cacos


Cristaleira encostada na parede,
todas as coisas que vovó
demorou a vida inteira pra juntar,
e quando juntas reuniam
a família em almoços dominicais:
Páscoa, Bodas, Natal.

Mas de descuido em descuido
as peças foram se perdendo.
Sendo únicas, jamais serão repostas.

E hoje a cristaleira vazia não mais nos une,
os cotovelos não se batem
na mesa cheia de confusos parentes,
que mesmo distantes se tornavam íntimos
naqueles diáfanos momentos.

Pela grande mesa sobram espaços de saudade.
Ali na ponta, sozinha, vovó supira
bebendo groselha vencida num copo de requeijão.

- Caio Augusto Leite

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