segunda-feira, 4 de junho de 2012

Inadiável


Não morreremos,
morremos.
Pelos dias que correm
e arrancam folhas
do nosso calendário.

E depois de um dia de trabalho,
cansado e com dor de cabeça
tu te diriges ao médico:

- Tudo ok aqui, vai viver mais cem anos.

Sem anos, sem tempo,
tropeças numa pedra drummondiana
e batendo a cabeça na guia
só dás o ponto de arremate
na costura do destino.

Um pano de treva cai sobre teu corpo,
o rabecão apaga tua identidade
e feito indigente és enterrado numa cova clandestina.

E pelo céu as nuvens brincavam de passar,
pelo chão as pedrinhas brincavam de ficar
e entre céu e terra a vida brincava de enganar a gente
com as suas mais de mil vãs filosofias.

- Caio Augusto Leite 

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