domingo, 3 de junho de 2012

Maternal


Pegou a mala sobre a cama
e contendo seus tremores
entrou na sala.

O filho olhava pela janela,
como estava alto, forte,
maduro...

A decisão era final,
irreversível,
ela sabia que ia ser assim.

- Filho... - a voz fraquejou.

O rapaz virou-se, deu um sorriso
como se tentasse atenuar o momento
que se não era trágico, feliz também não era.

Caminhou na direção da mulher,
abraçou-a, a mala caiu no chão
e se abriu espalhando coisas por toda parte.

Agacharam e com os olhos nos olhos
e com as mãos nas mãos,
iam aos poucos se despedindo.

Tudo ajeitado, a porta, o beijo no rosto
e a estrada engoliu o homem
que buscaria seu destino.

Ela voltou para a casa vazia,
sentou no sofá e enquanto bordava um sapatinho
esperaria a volta do seu menino,
na esperança de um outro menininho
que teria o nome do marido, do pai, do avô...

Uma chuvinha começava a cair
e ela se perguntou preocupada:
- Será que ele levou o casaco?

- Caio Augusto Leite

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