sexta-feira, 8 de junho de 2012

Coceira


Minha pele coça,
de amor, de palavra,
de música, ela coça.

E quanto mais coço,
mais a vontade de coçar.
Por baixo das unhas
a pele morta, cheia de
corações, de sílabas e notas.

Minha pele coça,
de arte coça.
Coço, coço, coço,
faço feridas.

E não paro, não paro, não posso.
Quanto mais amo, quanto mais falo,
quanto mais canto,
mais coço.

           *

Minha alma coça,
de saudade coça,
de tristeza coça.

E só tua mão
e só tua voz
vão calar o comichão.

- Caio Augusto Leite 

Nenhum comentário:

Postar um comentário