sábado, 2 de junho de 2012

O caminho da montanha


Esses meus braços que agora andam pensos
já levaram um enorme buquê
de rosas vermelhas e olorosas.

Cada flor era uma paixão ardente,
no peito fixadas alimentavam
os sinceros desejos dessa vida.

Quanto mais andava, mais arenoso
meu seguir, mais difícil, mais estéril.
O culpado disso tudo é o tempo.

Ah tempo, você que passou a mão
com tanta violência pelas flores
que nos meus braços fracos habitavam.

E aquelas pétalas não resistindo
foram morrendo e desenhando um rubro
rastro por esse triste chão de sal.

Uma montanha surge, se agiganta
com a sua sombra totalizante.
E dentro dela nós somos ninguém.

Nela encontro meus tristes semelhantes,
mas eles não me reconhecem mais
já não existe flor, nem coração.

Eu sento no chão e me uno ao nada,
meus olhos fecham, minha boca seca
e se apagam todos os meus desejos.

Meus braços estão pensos nesse vácuo
e os pensamentos moídos em pó
são a prova da vida decadente.

Vida? Ainda existe essa palavra?
Aqui na sombra o tempo não permite
que essa coisa som seja produzida.

E lá no começo desse caminho
meu filhinho nasce num mar de rosas
- berrando a vida com seus pulmões novos.

Mas mal nasceu já começa a dar passos
nessa sinuosa e truncada estrada
que o levará direto pra montanha.

- Caio Augusto Leite

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