sábado, 2 de junho de 2012
Cantos pra depois da guerra
Não construirei muralhas de versos
para barrar o inimigo distante
e nem farei canhões de rimas
para matar o traidor da pátria.
Cantarei o amor, a flor, a banana-da-terra.
Vai, diz que eu sou alienado ao mundo,
mas me diz, de que serve salvar o mundo deles
se não poderemos salvar o mundo de nós?
Deixarei a terra macia,
para plantar os mortos
- nossos e deles -
e para que cresçam
árvores sadias
para matar a nossa fome
pós-guerra.
Cantarei a casa, a mãe, o cachorro,
tudo que estará vos esperando,
soldados da paz, para reconstruir
o mundo mais uma vez,
em cada varão um Adão
e em todas as mulheres, Eva
- sem maçã, é claro.
Não cantarei a guerra,
guardarei minha voz para o branco futuro
que juntos vamos escrever.
- Caio Augusto Leite
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